google-site-verification=HKgE-0WHLx5XuKqnQKjRX7MQbY3hVrNsPmpjDsqaL4Q Devo contar ao meu filho que ele é autista?

Devo contar ao meu filho que ele é autista?

A pergunta que muita mãe de autista faz a si mesma.

Devo contar ao meu filho que ele é autista?



No primeiro impacto ao receber o diagnóstico de autismo dos nossos filhos, várias perguntas rondam nossas mentes: E agora?O que fazer? Como será daqui pra frente? Como será seu futuro?

Passado um tempo, a medida que nossos filhos vão desenvolvendo e amadurecendo, notamos que eles percebem o mundo a sua volta, e em um determinado momento nos perguntamos: Devo contar ao meu filho que ele é autista?

Quando sou questionada sobre isso eu, imediatamente respondo: é lógico!

Então, resolvi contar aqui como foi esse processo para minha família, e como isso foi importante para ele, consequentemente para nós e para aqueles que convivem com ele diariamente.

– Como foi tomar essa decisão?

Certa vez uma amiga minha perguntou: Como foi tomar essa decisão? A resposta veio na ponta da língua. “Eu não não tive que tomar uma decisão, pois ‘não contar’ nunca foi uma opção para mim. Eu só não sabia qual seria o momento certo, minha dúvida estava aí.”

Logo que entendi que meu filho era autista, pois o diagnóstico veio um tempo depois (contei em ‘Como cheguei ao diagnóstico de autismo do meu filho?‘), eu me lembro de me perguntar se contaria ou não, e desde então passei a fazer um exercício diário de me colocar no lugar dele para questionar.

Pensei: se fosse eu, será que eu gostaria que me contassem que sou autista?

Na época que ainda estávamos investigando, observamos algo em nossa cidade. Não havia nenhum tipo de suporte ao autista nela, tanto para diagnóstico, quanto para tratamento. Começamos então a articular e conversar em casa sobre a possibilidade de formar uma Associação, e por isso falávamos muito sobre autismo.

Mergulhei nesse universo de cabeça, para entender meu filho e ajudá-lo e ter uma melhor qualidade de vida, e cheguei a conclusão que ele deveria saber, para se conhecer, se entender e a medida que fosse amadurecendo, pudesse criar ferramentas para se controlar e ter uma vida mais saudável possível.

De tanto ouvir em casa sobre autismo e Associação, André um dia perguntou: Porquê vocês falam tanto sobre autismo? Tem alguma coisa a ver comigo?

Foi aí que percebi que era chegada a hora de falar. E falei.

– Como contei a ele sobre sua condição?

Comecei explicando o que é autismo, de maneira simples e objetiva, de fácil entendimento pra ele, mostrei a ele que por conta dessa condição ele tinha dificuldades com algumas coisas como: barulho, sair da rotina, as questões sensoriais, porém mostrei também suas qualidades, sempre deixando claro que nós o amávamos muito, e que ele não era melhor ou pior que ninguém, e vice versa.

Deixei claro também que nós faríamos tudo para ajudá-lo.

Desde então, procuro cuidar da sua auto estima, e mostro as coisas importantes que ele vem conseguindo realizar.

Olhando assim você pode pensar: Nossa! Mas foi tão fácil assim? Para mim foi, mas sei que para algumas pessoas e famílias pode não ser. E tudo bem.

Eu parto daquele princípio: Aceita que dói menos. Isso vale para mim, e muito mais para ele. O sentimento de frustração por se perceber diferente dos outros e não entender porquê, pode ser muito grande e gerar outros sentimentos que podem atrapalhar seu desenvolvimento, e que podem culminar em outros transtornos psíquicos, como: depressão, transtorno de ansiedade, síndrome do pânico.

Porém, acho importante que você mãe, pai ou familiar responsável pela criança, se sinta seguro para falar sobre o assunto, pois a criança precisa sentir essa segurança, sentir que é amada e respeitada independente da sua condição.

Recomendo que haja a supervisão de um profissional, seja Psicólogo, Neuropediatra, Psiquiatra. Isso dará mais embasamento, e vai te ajudar a se fortalecer nesse momento para conduzir essa situação da melhor maneira possível.

– Meu filho é não verbal, devo contar mesmo assim?

Importante ressaltar que o fato de seu filho ser ‘não verbal’, não quer dizer que ele não tenha entendimento, não quer dizer que ele não escute o que você tem a dizer, quer dizer que ele tem dificuldade de se comunicar através da fala.

Acho que o mais importante é ele saber que é amado e respeitado da maneira que é.

Hoje, 5 anos depois, já um pré adolescente com o desenvolvimento e as mudanças condizentes com a fase a todo vapor, procuro informações sobre isso e converso com ele, ler os relatos dos autistas adultos têm me ajudado bastante a explicar ao meu filho o porque de cada comportamento, e vejo que isso o ajuda muito.

Dia atrás, a professora do AEE (Atendimento Educacional Especializado) me disse, que ele consegue explicar aos professores porque ele se comporta de determinada maneira, e que isso fez com que alguns professores passassem a ter um olhar mais acolhedor não só para ele, mas para outros autistas da escola que não têm tanta facilidade em se expressar com relação a sua condição, e acredito eu, que alguns nem sabem que são autistas.

Por isso a importância de eles saberem, para auto conhecimento e, principalmente, para que eles possam se aceitar como são, e se defender de maneira sadia e consciente.

O texto abaixo publiquei em junho de 2015, dois meses antes de irmos ao Psiquiatra onde tivemos o diagnóstico:
“André ás vezes me fala umas coisas que eu não sei de onde ele tira, e hoje me disse algo que eu espero que ele cresça pensando assim. Conversando com ele de manhã, onde ele me explicava que seu cérebro as vezes o deixa maluco, porque é muito rápido (palavras dele), e por isso ele se sente confuso algumas vezes. Eu disse a ele que logo vamos passá-lo num médico que dará um remédio para ajudá-lo a ficar mais calmo. Ele me retrucou: mas mãe, se eu ficar mais calmo vou virar outra pessoa? Eu disse que não, que seria a mesma pessoa, só que mais calmo. Ele me disse: Ah bom, porque eu não quero ser outra pessoa. Eu falei: Ah, você gosta de ser quem você é? Ele me deu aquela encarada, com aquele olhar de que me daria a resposta mais óbvia do mundo: sim, eu gosto!”
E com um diálogo simples, eu tive a certeza que estava em um caminho certo, não só para ele, para nós também.

Abaixo segue alguns vídeos que podem te ajudar a tomar essa decisão, e assim se inspirar e se fortalecer para este momento:



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