google-site-verification=HKgE-0WHLx5XuKqnQKjRX7MQbY3hVrNsPmpjDsqaL4Q Como cheguei ao diagnóstico de autismo do meu filho?

Como cheguei ao diagnóstico de autismo do meu filho?



Relato de vivência sobre a caminhada até o diagnóstico de autismo.


Como cheguei ao diagnóstico de autismo do meu filho?



Acredito que o que contarei é uma história que, provavelmente, se repete e muito pelo nosso país a fora.

A maioria de histórias de autistas que ouvirão começa assim: “Ah, o meu filho desenvolveu até 1 ano ou 2 anos e parou, ou regrediu…”

Com meu filho, o André, não foi bem assim.

Desde bebê ele já dava sinais que tinha algo diferente no seu desenvolvimento. Como por exemplo:
  •  Ele não balbuciou;
  • Era um bebê que não olhava nos olhos;
  • E não atendia quando chamado:
  • Não compartilhava/interagia com o interlocutor;
  • Sorria por tudo e qualquer coisa (ao contrário do que é visto em muitos relatos, a tal da apatia);
  • Atraso na fala (começou a falar aos 3 anos e de forma inteligível aos 4 anos)

– Fase escolar

Começou a frequentar a creche desde os 6 meses de idade, em 2008, pois eu precisava trabalhar na época.

E por volta de 2 anos fui chamada na creche pois, segundo a diretora, o desenvolvimento do André não estava de acordo com o que deveria estar para a idade.

O que mais chamava atenção era a ausência de fala, e o isolamento, pois ele não interagia com outras crianças.

Iniciamos a investigação pela parte auditiva, já que ele não falava e não atendia comandos. Hipótese essa que foi descartada, devido ao resultado dos exames não indicarem nenhuma alteração nessa área.

Logo em seguida, quando já estava com 3 anos, ele passou por fonoaudióloga e psicóloga do SUS na minha cidade, a fim de avaliar sobre o atraso na fala. Foram feitas avaliações, e finalizaram com um relatório onde este dava a hipótese diagnóstica de autismo, e sugeria o encaminhamento para um profissional que pudesse concluir essa avaliação.

Quando o prontuário voltou para o profissional que deveria fazer esse encaminhamento, no caso o pediatra, esse procedimento não foi feito, com os seguintes argumentos: ‘cada criança tem seu tempo’, ‘ele ainda é muito novo’, ‘vão dar remédio e ainda é muito cedo’, ‘tem criança que demora mesmo pra falar…’

Eu, na minha santa ignorância, aceitei aquilo, pensei comigo que esta pessoa sendo profissional da saúde, e tendo estudado para isso, devia saber o que estava dizendo, e aceitei.

No entanto, sempre com intercorrências na escola, principalmente no que diz respeito a comunicação e interação social.

– A segunda investigação

Quando ele completou 6 anos de idade, e entrou para o 1° ano do Ensino Fundamental, os sinais e as dificuldades ficaram mais evidentes.
A dificuldade com mudança de rotina, com estímulos (principalmente o barulho), a escola que tinha um fluxo maior de alunos, e uma rotina que exigia muito mais dele, e embora ele já falasse bem, a comunicação não acontecia (breve falarei sobre isso), e por fim a interação social com os colegas, que era inexistente.

Nesse momento a professora e diretora da escola me chamaram, pontuaram várias situações, falaram das qualidades e das dificuldades que André apresentava.

Nessa mesma época, o apresentador Marcos Mion falou pela primeira vez sobre seu filho Romeu, sobre estar no Transtorno do Espectro Autista, e como a família lidava com isso.

Por curiosidade eu comecei a buscar sobre o assunto, e me dei conta naquele momento que André apresentava características de autismo.

Iniciamos novamente as investigações, já em meados de março de 2014.

Fui encaminhada para alguns procedimentos na rede do município, porém nesse meio tempo eu engravidei, e ao final da gestação precisei fazer uma pausa.

Em 2015 minha filha nasceu, e depois de alguns meses, reiniciei a investigação, fui ao Posto de Saúde com novo relatório da escola, passamos com psicóloga que fez o encaminhamento junto com o médico do posto para que houvesse investigação com um especialista.

Em agosto deste mesmo ano, quando ele estava com 7 anos, fomos para Santos, em um psiquiatra infantil do SUS, com todos os relatórios e documentos em mãos e neste dia ele recebeu o diagnóstico: CID F84 – Síndrome de Asperger, que hoje está dentro do quadro leve do TEA.

Eu digo que foi um divisor de águas para ele e para nós.

Desde então mergulhei nesse universo do autismo, para poder entender e ajudar meu filho a desenvolver.

Segue abaixo, o texto que publiquei na época em que tivemos o diagnóstico do André:

Quinta feira foi um dia atípico, corrido e cansativo, mas que valeu a pena, estivemos em Santos, depois de meses de espera conseguimos a consulta com o Neuropediatra, e lá fomos, saímos de Registro ás 2:30 da manhã, e no caminho eu só pensava se valeria a pena, e se estava fazendo a coisa certa. 
Levei tudo o que tinha do André em mãos, relatório de fono, de psicóloga, da escola, entreguei ao médico e contei toda a minha história, e da necessidade de termos um laudo que atestasse o que ele tem, ele então fez uns testes em Dedé e constatou: Síndrome de Asperger (ou Autismo Leve).
Eu disse então que precisava disso por escrito para poder exigir os direitos dele na escola e para que ele possa ter um tratamento adequado, ele me respondeu: Não seja por isso.
Abaixou a cabeça e escreveu no papel, e me entregou, ‘aqui está!’. Quando peguei o papel fiquei atônita, ‘mas Dr. é certeza mesmo né?’, ‘absoluta’.
Eu já sabia a mais de 1 ano, mas até então não tinha o diagnóstico, quando peguei o papel na mão, meus olhos marejaram, recebi as últimas instruções, ‘tenha um bom dia e obrigada Dr.’, saí da sala, olhei pro papel não acreditando que tinha conseguido, mas estava lá, meus olhos marejaram de novo.
Me contive. O que isso muda pra mim? Nada, ele continua sendo o meu Dedé, que gosta do Sonic, de usar roupa azul, de pão com manteiga, de danone, frango frito e salgadinho. Pra ele? Tudo. Agora podemos batalhar por ele, para que ele seja tratado dignamente.
Aos que me disseram um dia: ‘mas você tem certeza?’, ‘mas já passou no especialista?’, mas eu não vejo nada de errado nele’, ‘mas ele parece tão normal’, eu digo aqui está, uma mãe sempre conhece o seu filho, nunca duvide disso, mas se isso faz tanta diferença pra vocês, agora temos o diagnóstico.
Aos que acolheram meu filho, mesmo sem saber o que ele tem, ou sem ter o diagnóstico na mão, Deus abençoe vocês, vocês são anjos.
Á minha família que me acompanha desde o início muito obrigada por todo apoio, vocês são demais.
Aos amigos e pessoas que sabem de nossa história e que de alguma forma torceram por nós, muito obrigada, que Deus retribua em dobro todo apoio e carinho.
A batalha começa aqui. #asperger#autismo#autism
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