google-site-verification=HKgE-0WHLx5XuKqnQKjRX7MQbY3hVrNsPmpjDsqaL4Q O autista e a volta às aulas - Dicas para pais e professores

O autista e a volta às aulas - Dicas para pais e professores

Preparando a criança para o retorno à rotina escolar.

O autista e a volta às aulas - Dicas para pais e professores
Texto escrito no início de 2020, antes da pandemia. 

Passadas as festas de fim de ano, é hora de se preocupar com material escolar, uniforme, e em qual escola seu filho estudará.

No caso do aluno autista as preocupações vão um pouco além dessas questões.
Mudança de professor, de turma, de escola, de rotina.

Sabemos que a rotina é importante para o autista, pois a previsibilidade lhe dá segurança e conforto.

Então com tantas mudanças a caminho, o que fazer para ajudar a amenizar o impacto dessas mudanças?

Darei algumas dicas para pais e professores, e ao final farei um relato pessoal.

Dicas para os pais:

As dicas que darei a seguir podem ser utilizadas para os casos de: escola nova, professor novo, turma nova. Importante analisar a situação e ver qual dica melhor se aplica. 
  • Autistas são visuais, aprendem e assimilam melhor através de imagens, então, no período próximo ás aulas comece a trabalhar essa questão, mostre fotos da nova escola, se possível do professor e da turma, esses dois últimos sei que podem ser mais difícil, mas caso consiga pode ajudar na adaptação. E se não for escola nova? Faça uso das imagens mesmo assim, pra ele ir assimilando a ideia de que logo devem começar as rotinas escolares.
  • Faça o trajeto até a escola para que ele crie memória visual e vá se acostumando com o caminho, se houver mais possibilidades de trajeto mostre a ele também.
  • Inclua seu filho na escolha dos materiais, usar personagens que estejam dentro do seu hiperfoco (assuntos de interesse), pode ajudar a tornar esse momento mais agradável.
  • Converse com a direção da escola sobre a possibilidade de ir conhecer o local antes do início das aula, algumas escolas podem oferecer período de adaptação, importante se informar sobre isso.
  • Mostre no calendário o dia de hoje (caso falte uma semana para o início das aulas, por exemplo), e que dia começam as aulas, assim você vai ensinando a noção de tempo e reduz a ansiedade.
  • Como autistas são visuais, e você lerá muito sobre isso aqui, faça um planejamento de rotina visual, com os dias da semana, hora de acordar, tomar café, se arrumar para ir a escola., e acostume-o a esta rotina, respeitando os horários estabelecidos, pois isso dará segurança a ele.
  • Faça uma carta de apresentação do aluno ao professor. Esse ponto é muito importante. Aprendi em 2015 com a Andrea Werner do Lagarta Vira Pupa, e desde então uso não só para atividades escolares, mas para as atividades extracurriculares também, como judô, natação, aula de teatro. 
Mas quais informações essa carta deve ter?

É importante que as informações  sejam claras e objetivas, e o propósito maior é ajudar o professor a conhecer melhor o aluno, para que este possa criar estratégias e meios de ajudá-lo em seu desenvolvimento, aprendizado e interação com os colegas.
Informações como:
  • Nome, idade, nome dos pais, uso de medicação (quando for o caso)
  • características que apresenta
  • coisas que gosta (assuntos de interesse)
  • coisas que consegue realizar, bem como as que apresenta dificuldade de realizar
  • dicas para ajudá-lo a se acalmar caso seja necessário
Dicas para professores: 
  • Da mesma maneira que o aluno foi, ou deve ser apresentado a você, se apresente ao aluno, diga que você será o professor dele naquele ano e que está disposto a ajudá-lo, pois isso será uma porta de entrada para estabelecer vínculo e para o aluno adquirir confiança.
  • Digamos que a família não tenha feito a carta de apresentação, procure conversar com a mesma para saber o que o aluno gosta, o que não gosta, o que desencadeia crises, assuntos de interesse, coisas que consegue e não consegue realizar.
  • Autistas têm o tempo de concentração curto, e por conta do excesso de estímulos se cansam com mais facilidade, é comum o aluno pedir várias vezes para ir ao banheiro, ou tomar água, muitas vezes é para se acalmar diante de tantas informações que absorve, estabeleça combinados, combine os momentos que ele poderá sair, e por quanto tempo, mesmo que ele não tenha a noção temporal, quando ele sair diga que em tantos minutos um coleguinha vai buscar, caso ele ainda não tenha um professor auxiliar.
  • Por ter seu tempo de concentração curto, as atividades propostas devem respeitar esse tempo, e aos poucos você pode ir treinando esse tempo, aumentando-o gradativamente.
  • Recursos visuais sobre a rotina escolar também ajudam bastante. Exemplo: montar um painel com figuras referente a entrada, recreio, horário das matérias.
  • Antecipar acontecimentos de transição, ou quando há uma mudança na rotina da classe. Digamos que hoje seria o dia de ficar em sala, mas decidiu fazer uma atividade fora da sala, importante antecipar. 
  • Use o assunto de interesse da criança (hiperfoco) para introduzir as atividades dentro do contexto da atividade proposta para a turma.
  • Instruções claras, objetivas, assertivas e comandos curtos. Lembre sempre que autistas têm a mente concreta, apresentam dificuldades de entender  metáforas, frases de duplo sentido, figuras de linguagem, e por isso a importância de ser o mais claro possível.
  • Alguns autistas têm dificuldade em lidar com a palavra NÃO, procure substituir o NÃO por um comando positivo. Exemplo: O aluno quer ir tomar água, mas está fora do combinado, use a frase: ‘Assim que você terminar sua atividade você pode ir tomar água’, ao invés do não. 
  • Dar tempo de resposta, o autista precisa de um tempo para receber a informação, processar, elaborar e responder.
  • Elogie cada pequena conquista.

RELATO DE VIVÊNCIA

Ano passado, 2019, André iniciou no 6º ano do Ensino Fundamental II, portanto saiu da escola municipal e foi para uma do estado.

Passamos 2018 pesquisando, buscando informações a respeito de qual seria a melhor escola pública para matriculá-lo, uma que tivesse uma postura inclusiva. E assim que chegamos a uma conclusão, começamos a trabalhar essa questão com ele.

Sempre que passávamos por ela, mostrávamos dizendo que ali ele estudaria quando entrasse no 6º ano, ele questionava do porque ser ali e não na escola onde o irmão estudava, já que era mais próximo de casa.

Como ele sabe da sua condição (falei sobre isso em: Devo contar ao meu filho que ele é autista?), eu expliquei a ele que escolhemos aquela escola pois ali eles tem uma conduta sobre inclusão e que ela estava mais preparada para recebê-lo e atender as suas necessidades, pois é uma escola já conhecida por atender alunos com deficiência, e por obter bons resultados no que diz respeito a inclusão. 

No início de 2019 efetuei a matrícula e no ato entreguei o laudo.

Uma semana antes do início das aulas recebi uma ligação da coordenadora da escola para marcar um dia para levarmos o André para conhecer a escola, e conversarmos um pouco sobre ele, e sua adaptação. 

Eu, honestamente, pulei de alegria em ver essa iniciativa.

Marcamos para o dia seguinte, e lá fomos nós, com a carta de apresentação para entregar a direção. 

Chegando lá a coordenadora nos recebeu, se apresentou ao André, apresentou a escola, conhecendo sala por sala, ambiente por ambiente, conhecemos a diretora, os funcionários que estavam lá presentes, combinamos horário de entrada e saída, e André ficou a vontade para explorar a escola. 

É uma atitude simples mas que fez muita diferença na sua adaptação, que foi mais tranquila do que nós esperávamos.

Somado a isso tudo, sempre conversando com ele, explicando que era normal se sentir ansioso e nervoso com essa mudança, mas que nós e a escola estávamos empenhados em ajudá-lo nesse período de transição. 

Toda essa preparação deu a ele segurança e facilitou bastante essa caminhada.

Abaixo deixarei alguns vídeos com dicas que poderão ajudar neste momento de adaptação: 








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