google-site-verification=HKgE-0WHLx5XuKqnQKjRX7MQbY3hVrNsPmpjDsqaL4Q Autismo é deficiência?

Autismo é deficiência?


Essa é uma questão muito frequente nos grupos de autismo nas redes sociais, e que gera muito debate entre mães/pais x autistas ativistas, porém a resposta é clara e simples.

Autismo é deficiência?

A resposta é: SIM.

Autismo é deficiência, e vou explicar por quê.

Autismo é deficiência?


Desde 2012 com a Lei do Autista, conhecida como Lei Berenice Piana – 12764/12, o autismo é considerado deficiência para fins legais, ou seja, para garantia de direitos, o que é, desde então, uma grande vitória pois a partir daí o autista passou a ter seus direitos reconhecidos perante a lei e a sociedade, e a possibilidade de se articular ações inclusivas que visem, de fato e com efetividade, seu desenvolvimento e bem estar.

Após isso, em 2015, veio a LBI – Lei Brasileira de Inclusão – 13146/15, que passou a ampliar o amparo e suporte a Pessoa com Deficiência, incluindo o autista.

Vale ressaltar que quando se fala em deficiência, imediatamente vem à mente a figura de uma pessoa com deficiência física, visível e notável aos olhos, porém existem deficiências que são invisíveis, mas que de alguma forma trazem alguma dificuldade para o indivíduo se adaptar a sociedade sem que haja as adequações necessárias a sua deficiência.

Então, qual o problema que as pessoas enfrentam ao dizer que autismo é deficiência?

Vamos refletir.

O que acontece é que crescemos em uma sociedade que sempre entendeu a ‘deficiência’ como a ausência de algo, que ter uma deficiência é ser incapaz, impotente e por isso enxerga a deficiência de forma pejorativa. Criou-se um estereótipo negativo ao se referir a pessoas com deficiência, é o que chamamos de capacitismo (Saiba o que é capacitismo), quando na verdade o fato de a pessoa ter uma deficiência demonstra que ela demanda de necessidades diferentes das pessoas que não possuem nenhuma deficiência, pois o mundo ainda não está adaptado às suas necessidades.

O problema não está na palavra em si, mas no peso que se dá a ela. O que eu digo a você é, se ao pronunciar, ou se referir a pessoas com deficiência, você sente como se estivesse fazendo algo errado, falando um palavrão, ou ofendendo a pessoa, sinto em lhe informar, mas o preconceito está em você, isso é um resquício de capacitismo.

Faça uma análise, entenda que pessoas com deficiência são acima de tudo pessoas, que não são inferiores, incapazes ou incompetentes, apenas precisam de cuidados e adaptações diferentes da sua.

A melhor forma de desconstruir essa visão capacitista sobre a pessoa com deficiência é acompanhando pessoas com deficiência nas redes sociais, conhecimento e informação vindo diretamente de quem vivencia uma realidade que não se conhece com certeza farão você mudar de pensamento a respeito desse assunto, e a ter um olhar mais acolhedor e respeitoso.

Outra coisa que acho importante salientar é que se hoje a comunidade autista: famílias, autistas ativistas, profissionais que trabalham com autistas direta ou indiretamente, têm vez e voz pela causa é devido ao movimento da pessoa com deficiência que iniciou com mobilizações sociais na década de 70.

Então, dizer que autismo não é deficiência, a meu ver, é desmerecer e desvalorizar um movimento que batalhou muito pelos avanços na questão da inclusão e acessibilidade da pessoa com deficiência como um todo, ainda que a passos lentos, e que abriu portas para que a comunidade autista possa ter voz hoje.

Ou seja devemos ter cuidado para não segregar a luta do autista da luta da pessoa com deficiência, afinal "JUNTOS SOMOS MAIS FORTES" precisa ser mais que uma frase bonita de efeito, é preciso entender de fato que somando forças a possibilidade de ser ouvido, visto e considerado é maior.

É preciso ter cuidado, e analisar bem quando fala-se que autismo não é deficiência pois se queremos acolhimento, respeito, inclusão e acessibilidade para os nossos filhos e fazemos vistas grossas ao filho do outro (empatia seletiva) só por 'achar' que deficiência não é uma 'palavra bonita', então na verdade não houve a compreensão real e total sobre empatia, acolhimento, respeito, acessibilidade e principalmente, inclusão.

Se queremos inclusão, temos o dever de incluir quem precisa dela.

Por Eli Nobrega - Por falar em Autismo


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